Muitos casais manifestam o desejo de introduzir brinquedos eróticos na rotina sexual, mas não o fazem por receio, dos dois ou de um dos entes. Apesar da proliferação de sex shops e da possibilidade de encomendar esses produtos pela internet, o tema ainda é percebido como um tabu, especialmente para homens heterossexuais.
“Quando a gente fala disso em consultório, eles até mudam de assunto”, observa Danilo Galante, urologista com doutorado na USP e membro da Sociedade Brasileira de Urologia. O médico observa que os homens heterossexuais, em sua maioria, ainda têm bastante resistência aos brinquedos eróticos e vinculam a ideia de usá-los ao fato deles serem “incompetentes”.
É justamente para demover um quadro como esse, que é mais comum do que muitos imaginam, que o Dr. Galante recomenda uma abordagem carinhosa e cuidadosa na hora de sugerir introduzir os brinquedinhos no sexo. “Todo argumento para se mudar alguma coisa na relação sexual tem que se demonstrar para a pessoa que o casal tá fechado um com outro e que qualquer coisa será para que role mais afeto, mais conexão entre o casal, mais tesão”.
O urologista ressalta que é natural que a pessoa que ouve a proposta fique na defensiva e até insegura, pois pode imaginar que há algo errado com ela ou com a vida sexual do casal. “Tem que começar sempre reforçando positivamente o outro lado para dar segurança para a outra pessoa, mas q vale a pena fazer algumas mudanças para apimentar ou para tornar mais picante a situação”.
O urologista observa que uma relação deteriorada não será resgatada pela introdução de brinquedinhos e que, se for esse o caso, não vale nem mesmo a tentativa. “Eles sempre podem melhorar a relação, mas não podem ser um salvamento”, observa. “Pode ser uma forma do casal se conhecer mais, se gostar mais e tornar a situação mais atraente”.
De acordo com Galante, o ideal para aqueles que estão começando a se aventurar por este universo são os géis e os vibradores menores , “os que têm menos textura são os que machucam menos”, adverte.
Dependendo do gosto da pessoa e do casal, algemas e chicotes também podem ser inseridos no menu, mas o doutor ressalva: “Não adianta comprar uma brinquedoteca e fazer vários lançamentos. Tem que ir aos poucos. Se a pessoa mais interessada for a mulher, tem que ser algo que dê prazer a ela”.
Para que não haja surpresas desagradáveis nesse estágio inicial, é importante seguir algumas orientações com cuidado ao optar por brincar com um vibrador ou dildo (pênis de borracha) . “A primeira coisa é escolher um tamanho menor do que se imagina para dificultar as chances de machucar. Usar lubrificante. Muito lubrificante”, recomenda. “Se for um casal lésbico encapar o vibrador. Ter cuidado na introdução é imperativo. Toda vez que usar, lavar com água e sabonete para não virar um local de proliferação de bactéria”.
São justamente os vibradores e os dildos que mais fazem sucesso com as mulheres, observa o médico que salienta não haver uma estatística científica medindo se há mais adesão pelos brinquedinhos entre casais homossexuais ou heterossexuais. “As mulheres são mais receptivas a brinquedos eróticos e os gays também. Na verdade porque a maioria dos brinquedos é de penetração. Então esse é o principal motivo para que eles aceitem mais do que o homem hétero”.
Mas há, sim, variedade de brinquedos que os homens heterossexuais podem fazer uso. Um dos mais populares é o anel peniano e Galante é bastante reticente em relação a ele. “Já vi muito acidente com anel peniano. A ideia é aumentar a dureza do pênis com congestão e aí você dificulta que tenha a saída de sangue. Alguns anéis não são fáceis de ser retirados. Já vi alguns casos do paciente ter que parar no pronto socorro e o cara ter sérios problemas”.
Galante sugere evitar os anéis metálicos e apostar nos de borracha, mais folgados. “Há alguns modelos que até vêm com um vibradorzinho que vai estimulando a mulher durante a penetração”, indica.
Curiosos em explorar a região anal podem optar tanto pelo plug anal como pelas bolinhas tailandesas. A função de ambos é masturbatória e explora bastante essa região altamente erógena. O urologista adverte que a sensibilidade é igualmente grande e os cuidados para não machucar a área devem ser redobrados. “Preparar bastante com dedo, com língua e usar muito lubrificante para não machucar a região. Qualquer sinal de que está machucando, parar e começar outro dia quando estiver restabelecido. Isso vale tanto para casais heterossexuais como homossexuais”.
Galante reforça que a introdução dos brinquedo erótico é uma solução saudável para desenvolver o afeto e o tesão entre quatro paredes, mas recomenda ficar alerta a possíveis cenários. “São duas situações de alarme”, advoga. “Psicológico, quando um dos dois começa a achar mais graça no brinquedo do que no parceiro, e físico, quando a pessoa começa a se machucar usando o brinquedo”.