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O refluxo vesicoureteral (RVU) é uma condição anormal do sistema urinário, que ocorre já ao nascimento e está relacionado à origem de algumas infecções urinárias.

A urina, vinda dos rins, segue pelos ureteres até a bexiga. Há um “mecanismo valvular” que direciona o fluxo da urina para baixo. Quando o funcionamento desta “válvula” não é satisfatório, ocorre o refluxo da urina de volta ao ureter (bexiga para ureter), que favorece o transporte de bactérias para o trato urinário superior.

Na classificada de RVU há cinco graus de acordo com o nível da dilatação. O grau I é caracterizado pelo refluxo que acomete apenas o ureter, enquanto no Grau II os rins também são afetados, ainda sem dilatação renal ou ureteral. Já no terceiro grau, o refluxo também chega até os rins, com dilatação renal leve. Nos níveis mais altos, esta dilatação é moderada (grau 4) e intensa, com tortuosidade dos ureteres (grau 5).

Logo ao nascimento, os meninos são os mais acometidos. Porém, logo após o primeiro mês de vida, são as meninas que passam a apresentar uma incidência maior (até seis vezes mais).

Em muitos casos, o refluxo vesicoureteral é diagnosticado a partir da avaliação de infecções urinárias de repetição, dor lombar e quando está associado a anomalias do sistema urinário.

O diagnóstico é feito por uretrocistografia miccional e retrógada, radiografia contrastada. Nela é possível verificar a trajetória invertida da urina, voltando ao ureter.

O tratamento pode incluir antibióticos em doses reduzidas por longos períodos (até alguns anos) e ingestão de líquidos em grande quantidade para que ocorram micções regulares e frequentes. Esse tipo de tratamento ocorre em 80% dos casos, particularmente em crianças menores de cinco anos com refluxo vesicoureteral leve.

Outro tratamento é o endoscópico, por meio de injeção de substância (microesferas de silicone, ácido hialurônico ou colágeno) que reforça a junção entre o ureter e a bexiga. Isso corrige refluxos de baixo grau.

Também é possível a realização de cirurgia, denominado “reimplante ureteral”. A parte final do ureter é recolocada na bexiga, com confecção de novo túnel na bexiga. Isso viabiliza a reconstrução do “mecanismo valvular”.

A taxa de sucesso da cirurgia é alta. O objetivo é sempre proteger os rins do efeito nocivo do refluxo, que acarreta dor, dilatação das vias urinárias e infeções. Além desses, há risco de impactos negativos sobre a função renal.